As palavras
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Descrição
As Palavras (1963) é a autobiografia intelectual de Jean-Paul Sartre, organizada em duas partes principais: "Ler" e "Escrever". O autor evoca a sua infância burguesa em Paris, entre 1905 e 1915, sob a influência marcante da avó materna e do avô paterno, Charles Schweitzer. Sartre descreve o mundo mágico e ilusório da sua tenra idade, onde a leitura se torna uma obsessão precoce, transformando-o num "pequeno intelectual" que devora livros como Victor Hugo e os clássicos franceses, sem plena compreensão, mas com fascínio voraz. A narrativa explora a descoberta da linguagem como instrumento de poder e evasão, contrastando o paraíso infantil com o despertar para a realidade: a morte da mãe, o internato opressivo e o confronto com a mediocridade quotidiana. Sartre reflete sobre a ilusão literária que o leva a escrever, questionando o valor da criação verbal face à contingência existencial. Com ironia lúcida e prosa densa, o livro culmina na renúncia simbólica à literatura tradicional, afirmando que as palavras, embora sedutoras, não salvam o mundo, mas apenas o espelham na sua absurdidade.